Como seria minha escola ideal? Coloquei um post sobre isso, entretanto, eu mesma não escrevi.

Estou trabalhando este assunto com os alunos e estabelecemos algumas coisas: o objetivo da escola, a questão do tempo (horários), a maneira como as aulas são trabalhadas e a organização do prédio, da estrutura física. Vou tomar essas mesmas bases para meu texto. Gostaria também que todas as críticas fossem colocadas, quais problemas poderiam aparecer nesta escola, questionamentos etc.

Devo deixar claro que tudo o que está sendo escrito é somente minha opinião. Não sei dizer qual é o embasamento teórico para tudo isso… Provavelmente, há teorias que vão contra e que vão a favor do que penso. Ainda assim, este é um texto somente para sonharmos…

O objetivo da escola é a transformação do ser humano. A escola deveria ser o lugar onde as pessoas conseguem ter uma outra visão do mundo, conseguindo atuar melhor nele. Seres humanos capazes de questionar e transformar não só o seu próprio ambiente, mas capazes também de transformarem a si mesmos. O conhecimento não seria somente sobre o mundo externo, mas sobre o mundo interno também. Cidadãos conscientes de seus papéis, de sua força, de sua humanidade. A escola os ajudaria a tirar a venda que a falta de conhecimento impõe. Por isso, a escola tem que ser um lugar para se desenvolver as questões dos valores humanos – como diz Sai Baba: amor, paz, verdade, ação correta e não-violência.

Escola transformadora é escola em tempo integral. Como entender tudo, passar diversas experiências, aprender a estudar, desenvolver habilidades artísticas, esportistas, técnicas, se são somente 4 horas na escola? A escola em tempo integral não serviria somente para dar o que comer e tirar as crianças da rua, mas para dar a eles uma vivência mais completa do que ficar em casa vendo TV e jogando vídeo game. As aulas começariam às 7h30; às 9h, haveria um intervalo de meia hora; depois, ficariam até às 11h, onde haveria mais um intervalo de meia hora. As aulas da manhã se encerrariam às 12h30. Entre 12h30 e 14h, os alunos ficariam livres para almoçar, descansar, fazer o que bem entendesse. Às 14h, as aulas voltariam. Mas as aulas da tarde não seriam como as da manhã: atividades ligadas às artes, ao esporte, a projetos científicos; rodas de leitura, teatro, grupos de estudo e atividades afins.

Ainda não estou certa do modo como as aulas seriam trabalhadas: hora expositivas, hora em atividades grupais; ao invés de somente ficarmos falando, poderíamos, assim como eu vi num cursinho daqui de Ribeirão, colocar perguntas disparadoras em que os alunos buscassem as respostas. É certo que as salas seriam pequenas: 20 a 25 alunos no máximo, o que possibilita trabalharmos em roda, montar grupos pequenos, duplas menos barulhentas. Provocar os alunos de modo que eles não sossegassem enquanto não descobrissem as respostas aos seus questionamentos. Acho que o impossível é escolher somente um método e segui-lo para sempre. Projetos são tão importantes quanto as aulas expositivas, procurar as respostas podem trazer outra visão do conhecimento tanto quanto escutar alguns especialistas – como o professor. As aulas seriam um universo de possibilidades relacionadas ao conhecimento.

A escola tem que ser grande. Não sei se com muitos alunos, mas ter um espaço físico bacana: muitas árvores, muita planta, quadras poliesportivas, auditório, laboratórios, biblioteca grande e decente, refeitório, sala de vídeo, sala de computador, horta, pomar, etc. Entre tudo isso, entretanto, o principal é a sala ambiente. A sala ambiente, por mais facilitadora do “passeio” dos alunos (e os inspetores odeiam), é fundamental para um trabalho personalizado, individual, em que o professor consegue propiciar todas (ou quase todas) as ferramentas para um ensino melhor. Adoro sala ambiente, não consigo ser convencida por nenhum outro argumento…. Acho também que os professores poderiam ter uma sala melhor. A sala dos professores, além da tradicional mesa para o café, ops!, para reuniões, deveria ser grande o suficiente para que cada um tivesse sua própria mesa, um armário digno e uma estante particular de livros. Como trabalharíamos tempo integral na escola, seriam poucos professores, o que não torna o espaço impossível.

Nesta escola, os pais não seriam aqueles que entregam seus filhos na entrada e buscam na saída. Os pais seriam os parceiros, os amigos. Pessoas que acreditam neste lugar e que participam desta construção, do modo como podem, mas ajudando a fazer a escola dar certo. Ao invés de pessoas trabalhando sozinhas, seria um grupo trabalhando junto pelo mesmo objetivo. Aí, posso incluir também direção, coordenação, pais e professores.

Existem muitas ideias, mas acho que, por enquanto, estas são suficientes.

 

Nossa, olhando para esta escola ideal percebo como algumas coisas estão distantes… provavelmente, por mais que eu lute, acho que vou morrer sem vê-la… Mesmo assim, não custa nada sonhar, não é? Vai que alguém escuta e consegue realizar algo assim?

Qual é o objetivo da escola? Ainda não sei se realmente é a educação…

Mais um estresse escolar para discutir.

Na prefeitura, os cargos administrativos são comissionados, ou seja, trabalhando bem do jeito que a secretaria gosta, tudo vai bem. Do contrário, tchau, querida, volta para a sala de aula (como se isso fosse a morte).

Hoje, reunião de pais e, em seguida, reunião “pedagógica”. Enquanto eu esperava a reunião pedagógica, após a dos pais, uma professora comentou comigo que a vice-diretora tinha sido convidada a se retirar da escola, se eu já não tinha assinado o “abaixo”. Nossa, que absurdo, pensei eu, lógico que assino!

Pouco tempo depois que assinei, a diretora entra na sala dos professores com a assessora da Secretária da Educação e a nova vice-diretora. Eu conheço a assessora, pois ela trabalhou com meu pai, faz parte da Associação Mantenedora da Escola Sathya Sai e etc. Então, levanto-me e vou cumprimentá-la. Ela me apresenta à nova vice e passamos a conversar numa boa. Como sou ingênua… senhor!

A diretora pede a atenção de todos, nos sentamos e começa o barraco. Nunca vi tanta discussão imbecil ao mesmo tempo!

Fico sabendo, naquele momento, que a vice antiga foi convidada para ser diretora em outra escola, cujos problemas pediam alguém com pulso forte como o dela.  Não vi muitos problemas nisso. Os professores estavam revoltados!!! Como é que a Secretaria teve coragem de interromper o excelente trabalho de vice que ela fazia? Alguns, indiretamente, criticaram a diretora, mal-educados com a nova vice, então, nem dá pra dizer.

Todos querem falar. Uns criticavam a secretaria e os seu representantes tentavam se defender. Ninguém parecia falar a mesma língua. Até gritaria aconteceu. A assessora, pra mostrar como ela entende da dificuldade da escola, citou que tinha trabalhado com meu pai, fundador da Escola Sai. Que bom! Até agora, eu estava quieta, não eram todos que sabiam disso. Pronto, vários professores me olharam com aquela cara de “você é protegida”! Ai, ai, que vontade de falar palavra feia, de levantar e sair. Parecia filme de terror.

É lógico que não virou nada. Nunca vai virar. O que me estressa é a preocupação em demasia com assuntos não tão importantes. É a falta de respeito e de educação com quem acaba de chegar e, assim como os outros, só está obedecendo. É esse olhar acusatório de que nunca podemos conhecer ninguém importante, não podemos nos preocupar em fazer um bom trabalho. Quem é elogiado, quem é conhecido parece ser jogado aos leões.

Eu entendo que interromper o trabalho da vice não está certo. Mas não está certo colocá-la em uma escola que precisa de alguém como ela? Também acho que as coisas deveriam ser avisadas, discutidas, entretanto, se é urgente e se isso é aceito, por que humilhar os que estão chegando?

Acredito que, enquanto a política e politicagem forem postas à frente dos próprios objetivos educacionais, nada vai virar. Seja esse politicagem vinda da secretaria, seja vinda dos próprios professores que só pensam em reclamar e receber.

O irônico é que os reclamões de hoje são os mesmo que tiveram uma “”super preocupação” com os alunos no conselho de alguns dias atrás.

Por que essas pessoas escolheram a educação como profissão? Por que escolheram “ser professor”?