Algumas semanas atrás, resolvi aplicar uma avaliação somente relacionada à interpretação de texto para minhas turmas de 8a série. Imaginei que iriam bem. Afinal, o conteúdo era algo que nós estamos trabalhando bastante: o gênero reportagem e o ano de 1968. Elaborei a prova da seguinte maneira: dois textos – sendo uma reportagem da Folha de São Paulo sobre o movimento estudantil naquele ano, e o outro, uma música do álbum “Tropicália ou Panis et Circense”, de vários compositores/cantores. Havia algumas questões abertas e outras fechadas. Pensei em elaborar questões com alternativas não para facilitar minha correção, mas para ajudá-los a lidar com este tipo de avaliação tão comum hoje em dia.
“Ah, tá muito fácil!”, pensei… Doce ilusão… Ao contrário do que eu imaginava, a maioria dos alunos foi MUITO mal, com notas bem abaixo de 5,0. Agora, cá com mues botões virtuais, penso: “O que deu errado?”
Não dá para atribuir o péssimo resultado somente aos alunos, dizendo que eles é que são distraídos, não fazem nada direito, são mal preparados. Com certeza, meu nível de exigência foi muito alto. Será que as questões estavam absurdamente difíceis? O que eu pedi não foi trabalhado como eu achava que tinha trabalhado?
Essas questões me levam a duas outras principais: como ensinar os alunos a fazerem prova? Quem me ensinou durante a licenciatura como elaborar uma avaliação?
Ensinar os alunos a fazer prova não é tão difícil, nada como algumas aulas e muita atenção e, quase com certeza, eles vão entender melhor como resolver as questões. Há problemas seríssimos de interpretação, atenção, leitura etc. que não serão resolvidos em apenas algumas aulas. Mas como os ensinarei a responder às avaliações se eu não sei como elaborar uma? O que mais se faz no magistério é copiar exercícios de livros didáticos, avaliações e, agora, internet. Eu sou uma dessas pessoas. Pra não ficar tão feio, apesar da cópia, devo dizer que também escrevo minhas avaliações. Um exemplo disso é a avaliação que elaborei na última semana. O resultado dela é que chocante.
Por que não aprendemos a elaborar avaliações? Será que eu dormi nesta aula? Como isso é abordado na licenciatura? Na verdade, a avaliação é somente um dos problemas da licenciatura, mas também deve ser discutido. Aliás, se há tantos problemas nas questões dos resultados das avaliações, será que alguém já pensou nas dificuldades dos professores em elaborá-las, corrigi-las e trabalhá-las em sala de aulas?
Ainda não terminei este post… Há muito o que ser discutido e pensado…
Aqui coloco as avaliações para saber se estava muito difícil, quais são os erros, problemas que vocês veem…
09/07/2009 at 14:14
Olá Sofia
Excelente post, Sofia. Colocamos um post sobre este seu excelente blog no educadoresurbanos.wordpress.com. Navegue lá!
Abraço!
10/12/2012 at 2:03
Que prova é essa? Para à 8° série? Primeiro, que isso tudo deveria ser discutido e debatido primeiro em uma aula de história, afinal os estudantes não viveram esta época e tão pouco sabem sobre os acontecimentos deste tempo se não por uma boa aula de história, pois se depender de outra fonte… não acredito que adolescentes irão pesquisar sobre 1968 por iniciativa própria. Segundo, estas músicas não pertencem ao universo dos adolescentes, eles não vivenciam isso, não discutem entre si ou com seus pais, até universitários terão problemas ao interpretar, acho isso uma covardia contra crianças. Terceiro, onde está o vocabulário? Você tem absoluta certeza que todos entenderam os termos? Alguns ficaram sem parêntese. Você permitiu perguntar sobre dúvidas? Já conversei com muitos jovens que não conseguiram me explicar o que é e para que serve uma reitoria por exemplo. E os mais tímidos, prestou atenção se estavam aflitos?
Não achei interessante as perguntas sobre título, autor, etc. Acho que seria muito mais proveitoso tentar identificar se eles aprenderam as distinções entre os gêneros, os grupos, pequenos parágrafos para serem identificados, ou seja mais objetividade. Quanto a letra de música, interpretações artísticas são demasiado subjetivas, acho mais proveitoso verificar se o aluno sabe o que é uma ironia ou uma crítica. Não sou fã de provas, acredito que o método de avaliação por via de prova não demonstra a verdadeira capacidade do aluno, como ficam os alunos com dificuldades de aprendizagem por deficiência na atenção ou com problemas de dislexia que podem ser graves ou ligeiramente leves, identificadas somente com exame clínico mais profundo, onde nem as famílias sabem, sendo identificado somente na fase adulta, ou nunca. Existem vários métodos de ensino, que também servem para avaliação do aluno, como o trabalho em grupo, prova oral, pesquisa acompanhada pelo professor, apresentação de investigação individual e participação na sala de aula.